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O RIO NEGRO

Um dos mais famosos rios amazônicos e mais conhecido pelos habitantes da capital Manaus. É o mais extenso rio de água negra do mundo, e o segundo maior em volume de água – ficando atrás do Rio Amazonas. Nasce na Colômbia, e após passar por Manaus, encontra-se com o Rio Solimões, formando o Encontro das Águas – onde as águas não se misturam devido a diferença de temperatura dos dois rios -, um dos mais visitados pontos turísticos da região. Depois desse fenômeno, “nasce” o Rio Amazonas.

O Rio foi descoberto em 1541, por Francisco Orellana, chegando a abrigar um forte durante o período provincial, o Forte de São José da Barra do Rio Negro.

Ele banha diversas praias, entre as quais estão as famosas praia da Ponta Negra, Praia da Lua, Praia Dourada e do Tupé. Além de abrigar a Ponte Rio Negro (ou Ponde Sobre o Rio Negro), um monumento que liga a capital amazonense a cidades do outro lado da margem.

Nos últimos anos tem causado transtornos para as populações das cidades pelas quais ele passa, nos períodos de cheia, onde seu nível sobe causando alagações nas áreas urbanas, e de seca, gerando prejuízos para quem depende dele para o transporte de pessoas e de carga. O Rio Negro também é um importante fator no setor turístico, sendo rota para embarcações estrangeiras e nacionais.

Porto Manaus Moderna. Imagem: site No Amazonas é Assim

Porto Manaus Moderna. Imagem: site No Amazonas é Assim

O RIO COMANDA A VIDA

“Nós estávamos voltando da Praia das Estrelas, no Rio Negro, à tarde, quando teve um temporal. Estávamos em um iate médio, cerca de 20 pessoas, entre minha família e uma família amiga nossa; eu era pequena, tinha uns oito anos. Ventava muito forte e com banzeiros agitados. Entramos em pânico. 20 minutos depois o banzeiro acalmou, a tempestade acalmou e o iate estabilizou.” – Larissa Soares tem 19 anos, nasceu e cresceu em Manaus e está sempre viajando.

Quando eu era criança, fui para um balneário às margens do Rio Negro, com minha mãe, minha irmã, meu pai e dois amigos dele. Depois de ficarmos um tempo em um flutuante, os adultos resolveram que queriam andar de voadeira. Entramos todos em uma. Minutos depois de sairmos da margem, a embarcação ficou presa em um tronco que estava escondido na água. Um dos amigos do meu pai pulou no rio para tentar nos desprender. Demorou um pouco até ele conseguir. Eu estava apavorada. Na verdade, estava desde o momento em que me imaginei em cima do rio – sempre tive medo de águas profundas. Em vez de voltarmos para a cidade, seguimos viagem. Uma viagem sem destino. Algum tempo depois, enfrentamos um forte banzeiro. Minha mãe agarrou em mim e na minha irmã. Não sabíamos o que fazer, só rezar para a voadeira não virar. Então os adultos decidiram parar na margem mais próxima. Foi quando chegamos a uma comunidade ribeirinha, onde conhecemos um pouco sobre a vivência deles, fizemos novas amizades, comemos peixe assado e eu pude brincar com as crianças de lá. A viagem de volta foi mais sossegada.” – Luna Amor-Bom tem 20 anos, nasceu em Lábrea mas cresceu em Manaus. Apesar de ter pavor de navegar, passou boa parte de sua vida viajando sobre rios.

“Eu tinha 12 anos e participava de um projeto do governo, o Segundo Tempo, que ensinava remo e natação para crianças. Eu fazia canoagem e remo, mas morria de medo dos dois; ia apenas para nadar e comer. Em um belo sábado, o professor disse que já estava na hora de eu entrar em uma canoa daquelas e praticar, porque até meu irmão mais nono já conseguia manejar uma e eu não. Foi quando entrei em uma canoa e foram me empurrando até mais ou menos uns 5m da orla do Rio Negro e a uns 2,5m de profundidade. Consegui me equilibrar por alguns minutos, mas como eu era – e ainda sou – bem desastrado, acabei virando e me afoguei com a canoa, o remo e tudo. Depois disso, nunca mais entrei em uma canoa e nunca mais apareci por lá.” – Danny Sullivan tem 21 anos, nascido e crescido em Manaus, abandonou a carreira aquática para virar jornalista.

“O tio da minha mãe já foi prefeito de Beruri, e ele tinha um barco bem grande. Uma vez fomos para essa cidade nesse barco; horas de viagem. Eu era pequena e fiquei brincando lá pelo barco, quando minha mãe se descuidou de mim e eu sumi. Quando ela percebeu, ficou desesperada e a família toda começou a me procurar. Pararam a embarcação pensando que eu tinha pulado no rio. Em um momento, ficou tudo silêncio e ouviram um choro bem distante. Quando foram ver, eu estava jogada no porão do barco, toda ensanguentada porque caí de cabeça.

Minha mãe ficou grávida de mim e do meu irmão muito nova, tinha que trabalhar e estudar para nos sustentar, como ele era bonzinho, qualquer pessoa ficava com ele, e eu, muito danada, tinha que ir junto com ela. Mamãe trabalhava como cozinheira de barco e ficávamos dias no rio, e por já ter acontecido esse episódio do barco, ela me amarrava na botija do fogão enquanto cozinhava. Eu parecia um macaquinho amarrado. Ficava tão chateada que quando o barco ia andando eu ia jogando meu chinelo. Depois dessa minha infância, não gosto muito de rio. Tenho muito medo.” – Cristina Rodrigues, 20 anos, nasceu em Manacapuru, onde passou parte da vida, e hoje mora em Manaus.

Fontes Consultadas: EcoBrasil, Ambiente Brasil, Portal do Amazonas, Portal da Geografia, Portal da Venezuela, Brasil Imperdível, Porto de Manaus – O Coração da Amazônia.

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 O amazônia 360° 

 

O homem e o rio são os dois mais ativos agentes da Geografia humana da Amazônia. O rio enchendo a vida do homem de motivações psicológicas, o rio imprimindo à sociedade rumos e tendências, criando tipos característicos na vida regional.

 

Livro: O Rio Comanda a Vida

 

(TOCANTINS, 1972, p.276)

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