Conheça a Rua Joaquim Nabuco
25.01.2017 -Yanka Senna
Essa semana vamos conhecer a Rua Joaquim Nabuco, no Centro de Manaus.
Considerada uma das mais extensas ruas de Manaus, inicia na “Manaus Moderna” e termina na Avenida Airão, cortando todo o centro antigo. Seu nome é em homenagem ao pernambucano Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo - um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Logo no início da rua já percebemos toda a grandiosidade que ainda permanece da época áurea da borracha. Com casas de alto requinte e padrão, na borracha era a rua que concentrava as residências dos barões. Apesar de grandes mudanças, abandono do governo e deterioramento, como pichações, a beleza ainda permanece.
No boom da borracha, a Joaquim Nabuco foi marcada pelas “Vilas”. Uma das mais conhecidas foi a Vila Fanny, que servia como ponto de encontro, até os anos 30, da melhor sociedade amazonense e dos estrangeiros mais categorizados.
Vila Georgete (Foto: Roberto Mendonça)
Com elementos neoclássicos e sob influência portuguesa com um toque francês, a Joaquim Nabuco é recheada de casas com efeito palaciano.
(Fotos: Arquivo Pessoal)
Prosseguindo pela Joaquim Nabuco, pode-se apreciar o Palacete da família Nery, erguido no final do século XIX. Sem dúvida, é a mansão manauara mais neoclássica, com janelas e portas francesas, além de características que trazem o estilo parisiense da época. Recentemente, passou por uma reforma licenciada pela Prefeitura de Manaus e acompanhada pelo Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb).
Durante muitos anos, o prédio, que abrigou a família do governador Silvério José Nery (1900-1904), viveu em situação de abandono, o que levou à reforma, mantendo as características históricas do imóvel. Em 1906 o local hospedou o primeiro presidente da República a visitar o Amazonas, Afonso Pena, que veio a Manaus para o lançamento da pedra fundamental do edifício da Alfândega.
Palacete Nery (Foto: Divulgação/Semcom)
Para o antigo morador da rua, José Martins, a Joaquim Nabuco fez parte de sua infância. “A Joaquim Nabuco juntamente com a Getúlio Vargas, Sete de Setembro, Eduardo Ribeiro, Ramos Ferreira, Leonardo Malcher, Boulevard Álvaro Maia, Saldanha Marinho, Epaminondas e João Coelho, constituem as principais ruas e avenidas do centro antigo de Manaus, fazem parte da infância e adolescência dos manauaras das décadas de 40, 50 e 60, pois a nossa cidade era muito pequena e tudo girava em torno desses locais. Todo mundo conhecia todo mundo! Que tempo bom!”.
(Foto: Arquivo Pessoal)
Apesar de diversas mudanças sofridas, ainda resistem no tempo o Colégio Nilo Peçanha; Colégio Santa Dorotéia; Hospital Beneficente Portuguesa e diversos casarões, mesmo com descaracterizações das fachadas.
Direitos das fotos: Google (2014)
Não se pode negar que a arquitetura tradicional de Manaus representa um esforço de adaptação de processos/estilos europeus – traduzindo isso nas ruas da cidade.
O amazônia 360°
O homem e o rio são os dois mais ativos agentes da Geografia humana da Amazônia. O rio enchendo a vida do homem de motivações psicológicas, o rio imprimindo à sociedade rumos e tendências, criando tipos característicos na vida regional.
Livro: O Rio Comanda a Vida
(TOCANTINS, 1972, p.276)